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POTENCIAIS PARA O CARNAVAL
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HISTÓRICO
O carnaval é considerado uma das festas populares mais
animadas e representativas do mundo. Tem sua origem no entrudo
português, onde, no passado, as pessoas jogavam uma nas
outras, água, ovos e farinha. O entrudo acontecia num
período anterior a quaresma e, portanto, tinha um significado
ligado a liberdade. Este sentido permanece até os dias
de hoje no Carnaval.
O entrudo chegou ao Brasil por volta do século XVII
e foi influenciado pelas festas carnavalescas que aconteciam
na Europa. Em países como Itália e França,
o carnaval ocorria em formas de desfiles urbanos, onde os carnavalescos
usavam máscaras e fantasias. Personagens como a colombina,
o pierrô e o Rei Momo também foram incorporados
ao carnaval brasileiro, embora sejam de origem européia.
No
Brasil, no final do século XIX, começam a
aparecer os primeiros blocos carnavalescos, cordões
e os famosos "corsos". Estes últimos, tornaram-se
mais populares no começo dos séculos XX. As pessoas
se fantasiavam, decoravam seus carros e, em grupos, desfilavam
pelas ruas das cidades. Está ai a origem dos carros
alegóricos, típicos das escolas de samba atuais.
No
século XX o carnaval foi crescendo e tornando-se
cada vez mais uma festa popular. Esse crescimento ocorreu com
a ajuda das marchinhas carnavalescas. As músicas deixava
o carnaval cada vez mais animado.
A
primeira escola de samba surgiu no Rio de Janeiro e chamava-se
Deixa
Falar. Foi criada pelo sambista carioca chamado Ismael
Silva. Anos mais tarde a Deixa Falar transformou-se na escola
de samba Estácio de Sá. A partir dai o carnaval
de rua começa a ganhar um novo formato. Começam
a surgir novas escolas de samba no Rio de Janeiro e em São
Paulo. Organizadas em Ligas de Escolas de Samba, começam
os primeiros campeonatos para verificar qual escola de samba
era mais bonita e animada.
O
carnaval de rua manteve suas tradições originais
na região Nordeste do Brasil. Em cidades como Recife
e Olinda, as pessoas saem as ruas durante o carnaval no ritmo
do frevo e do maracatu.
Na cidade de Salvador, existem os trios elétricos, embalados
por músicas dançantes de cantores e grupos típicos
da região. Na cidade destacam-se também os blocos
negros como o Olodum e o Ileyaê, além dos blocos
de rua e do Afoxé Filhos de Gandhi.
PROCEDÊNCIA
Segundo
definição genérica, o carnaval é uma
festa popular coletiva, que foi transmitida oralmente através
dos séculos, como herança das festas pagãs
realizadas a 17 de dezembro (Saturnais - em honra a deus Saturno
na mitologia grega.) e 15 de fevereiro (Lupercais - em honra
a Deus Pã, na Roma Antiga.). Na verdade, não
se sabe ao certo qual a origem do carnaval, assim como a origem
do nome, que continua sendo polêmica.
Alguns estudiosos afirmam que a comemoração do carnaval tem suas
raízes em alguma festa primitiva, de caráter orgíaco,
realizada em honra do ressurgimento da primavera. De fato, em certos rituais
agrários da Antigüidade, 10 mil anos A.C., homens e mulheres pintavam
seus rostos e corpos, deixando-se enlevar pela dança, pela festa e pela
embriaguez.
Outros autores acreditam que o carnaval tenha se iniciado nas alegres festas
do Egito. É bem verdade que os egípcios festejavam o culto a Ísis
há 2000 anos A.C.
Em Roma, realizavam-se danças em homenagem a Deus Pã (as chamadas
Lupercais) e a Baco (ou Dionísio para os gregos). Rituais Dionisíacos
ou Bacanais.
No início da Era Cristã, a igreja deu nova orientação
a essas festividades, punindo severamente os abusos. Entretanto, se o Catolicismo
não adotou o carnaval, suportou-o com certa tolerância, já que
a fixação do período momesco gira em torno de datas predeterminadas
pela própria igreja. Tudo indica que foi nesse período que se
deu a anexação ao calendário religioso, pois o carnaval
antecede a Quaresma. É uma festa de características pagãs
que termina em penitência, na dor de quarta-feira de Cinzas.
Originariamente os cristãos começavam as comemorações
do carnaval em 25 de dezembro, compreendendo os festejos do Natal, do Ano Novo
e de Reis, onde predominavam jogos e disfarces. Na Gália, tantos foram
os excessos que Roma o proibiu por muito tempo. O papa Paulo II, no século
XV, foi um dos mais tolerantes, permitindo que se realizassem comemorações
na Via Lata, rua próxima ao seu palácio. Já no carnaval
romano, viam-se corridas de cavalo, desfiles de carros alegóricos, brigas
de confetes, corridas de corcundas, lançamentos de ovos e outros divertimentos.
O baile de máscaras, introduzido pelo papa Paulo II, adquiriu força
nos séculos XV e XVI, por influência da Commedia dell'Arte. Eram
sucesso na Corte de Carlos VI. Ironicamente, esse rei foi assassinado numa
dessas festas fantasiado de urso. As máscaras também eram confeccionadas
para as festas religiosas como a Epifania (Dia de Reis). Em Veneza e Florença,
no século XVIII, as damas elegantes da nobreza utilizavam-na como instrumento
de sedução.
Na França, o carnaval resistiu até mesmo à Revolução
Francesa e voltou a renascer com vigor na época do Romantismo, entre
1830 e 1850.
Manifestação artística onde prevalecia a ordem e a elegância,
com seus bailes e desfiles alegóricos, o carnaval europeu iria desaparecer
aos poucos na Europa, em fins do século XIX e começo do século
XX.
Há que se registrar, entretanto, que as tradições momescas
ainda mantêm-se vivas em algumas cidades européias, como Nice,
Veneza e Munique.
A ORIGEM DO TERMO
Assim
como a origem do carnaval, as raízes do termo
também têm se constituído em objeto de
discussão. Para uns, o vocábulo advém
da expressão latina "carrum novalis" (carro
naval), uma espécie de carro alegórico em forma
de barco, com o qual os romanos inauguravam suas comemorações.
Apesar de ser foneticamente aceitável, a expressão é refutada
por diversos pesquisadores, sob a alegação de
que esta não possui fundamento histórico.
Para outros, a palavra seria derivada da expressão do latim "carnem
levare", modificada depois para "carne, vale !" (adeus, carne!),
palavra originada entre os séculos XI e XII que designava a quarta-feira
de cinzas e anunciava a supressão da carne devido à Quaresma.
Provavelmente vem também daí a denominação "Dias
Gordos", onde a ordem é transgredida e os abusos tolerados, em
contraposição ao jejum e à abstenção total
do período vindouro (Dias Magros da Quaresma).
PRINCIPAIS FIGURAS CARNAVALESCAS
Colombina
- Como Pierrô e Arlequim, é um personagem
da Comédia Italiana, uma companhia de atores que se
instalou na França entre os séculos XVI e XVIII
para difundir a Commedia dell'Arte, forma teatral original
com tipos regionais e textos improvisados. Colombina era uma
criada de quarto esperta, sedutora e volúvel, amante
do Arlequim, às vezes vestia-se como arlequineta, em
trajes de cores variadas, como os de seu amante.
Arlequim - Rival de Pierrô pelo amor de Colombina, usava
traje feito a partir de retalhos triangulares de várias
cores. Representa o palhaço, o farsante, o cômico.
Pierrô - Personagem sentimental, tem
como uma de suas principais características a ingenuidade.
Momo - Personagem que personifica o carnaval brasileiro.
Sua figura foi inspirada no bufo, ator de proveniência portuguesa
que representava pequenas comédias teatrais que tanto
divertiam os nobres.
O CARNAVAL BRASILEIRO
Ao
contrário do que se imagina, a origem do carnaval
brasileiro é totalmente européia. Como afirma
a autora Maria Isaura Pereira de Queirós*, a comemoração
carnavalesca data do início da colonização,
sendo uma herança do entrudo português e das mascaradas
italianas. Somente muitos anos mais tarde, no início
do século XX, foram acrescentados os elementos africanos,
que contribuíram de forma definitiva para o seu desenvolvimento
e originalidade.
Foi, portanto, graças a Portugal que o entrudo desembarcou na cidade
do Rio de Janeiro, em 1641. O termo, derivado do latim "introitus" significava "entrada", "começo",
nome com o qual a Igreja denominava o começo das solenidades da Quaresma.
No entanto, segundo a mesma autora, as festividades do entrudo já existiam
bem antes do Cristianismo, eram comemoradas na mesma época do ano e
serviam para celebrar o início da primavera. Com o advento da Era Cristã e
a supremacia da Igreja Católica, passou a fazer parte do calendário
religioso, indo do Sábado Gordo à Quarta-feira de Cinzas.
Tanto em Portugal, como no Brasil, o carnaval não se assemelhava de
forma alguma aos festejos da Itália Renascentista; era uma brincadeira
de rua muitas vezes violenta, onde se cometia todo tipo de abusos e atrocidades.
Era comum os escravos molharem-se uns aos outros, usando ovos, farinha de trigo,
polvilho, cal, goma , laranja podre, restos de comida, enquanto as famílias
brancas divertiam-se em suas casas derramando baldes de água suja em
passantes desavisados, "num clima de quebra consentida de extrema rigidez
da família patriarcal".**
Foi esse carnaval mais ou menos selvagem que desembarcou no Brasil com as
primeiras caravelas portuguesas e os primeiros foliões.
Com o passar do tempo e devido a insistentes protestos, o entrudo civilizou-se,
adquiriu maior graça e leveza, substituindo as substâncias nitidamente
grosseiras por outras menos comprometedoras, como os limões de cheiro
(pequenas esferas de cera cheias de água perfumada) ou como os frascos
de borracha ou bisnagas cheias de vinho, vinagre ou groselha. Estas últimas
foram as precursoras dos lança-perfumes introduzidos em 1885.
O Entrudo (1985)
No
tocante à música, tudo ainda era muito precário; o
entrudo não possuía um ritmo ou melodia que o simbolizasse. Apenas
a partir da primeira metade do século XIX, com a chegada dos bailes
de máscaras nos moldes europeus, foi que se pôde notar um desenvolvimento
musical mais sofisticado.
MÁSCARAS
E FANTASIAS
Em
1834, o gosto pelas máscaras se acentuou no país.
De procedência francesa, eram confeccionadas em cera
muito fina ou em papelão, simulando caras de animais,
caretas, entre outros. As fantasias apareceram logo após
o surgimento das máscaras, dando mais vida, charme e
colorido ao carnaval, tanto nos salões quanto nas
ruas.
OS BAILES
O
primeiro baile de máscaras de que se tem notícia
no Brasil foi realizado no Hotel Itália (largo do Rócio,
RJ) em 1840, por iniciativa dos próprios proprietários
italianos, empolgados pelo sucesso dos grandes bailes de máscaras
da Europa. A repercussão foi tamanha que muitos outros
seguiram-se a este, marcando, também através
do carnaval, as diferenças sociais que atingiam a sociedade
brasileira : de um lado, a festa de rua, ao ar livre e popular;
do outro, o carnaval de salão que agradava sobretudo à classe
média emergente no país.
Dos salões, os bailes transferiram-se aos teatros, animados principalmente
pelo ritmo da polca - primeiro gênero a ser adotado como música
carnavalesca no Brasil - e depois, envolvidos pelo som da quadrilha, da valsa,
do tango, do "cake walk", do "charleston" e do maxixe.
Até então, esses ritmos eram executados apenas em versão
instrumental. Somente por volta de 1880 os bailes passaram a incluir a versão
cantada, entoada pelos coros.
Em 1907 foi realizado o primeiro baile infantil, dando início às
famosas matinês. As novidades não pararam por aí e as modalidades
se multiplicavam, como as festas em casas de família, bailes ao ar livre,
bailes infantis, e até mesmo bailes em circo. Em 1909, surge o primeiro
concurso, premiando a mais bela mulher, a fantasia mais bonita e a melhor dança.
Os prêmios eram jóias valiosas e somente os homens tinham direito
a voto. Enfim, o carnaval crescia a cada ano, passando a fazer parte da realidade
cultural do país, enquanto na Europa já se notava a sua decadência.
Por essa mesma época, a classe média preparava-se para invadir
as ruas com outra novidade européia : os desfiles de carros alegóricos.
O pioneiro da idéia foi o romancista José de Alencar, um dos
fundadores de uma Sociedade denominada Sumidades Carnavalescas.
AS SOCIEDADES
Até o aparecimento das primeiras escolas de samba,
os cortejos carnavalescos das chamadas "sociedades" predominavam
no carnaval carioca. O primeiro clube a desfilar, em 1855,
chamava-se Congresso das Sumidades Carnavalescas, mencionado
acima. As sociedades eram clubes ou agremiações
que, com suas alegorias e sátiras ao governo, encontraram
uma forma saudável de competição. Em 1856,
outra sociedade tomou as ruas: a União Veneziana. Era
a coqueluche do Império. Com o tempo, as ruas viam se
multiplicar o número de sociedades, tais como a Euterpe
Comercial e os Zuavos Carnavalescos. Muitas competições
e dissidências aconteceram até surgirem 3 grandes
Sociedades que se consolidaram no carnaval da época:
Tenentes, Democráticos e Fenianos.
E
VIVA O ZÉ PEREIRA
Em
1846, houve um acontecimento que revolucionou o carnaval
carioca : o
aparecimento do "Zé Pereira" (tocador
de bumbo). Para alguns estudiosos, esse era o nome ou apelido
dado ao cidadão português José Nogueira
de Azevedo Paredes, supostamente o introdutor no Brasil do
hábito português de animar a folia carnavalesca
ao som de bumbos, zabumbas e tambores, anarquicamente tocados
pelas ruas. A tradição se espalhou rapidamente
e o sucesso do "Zé Pereira" foi tão
grande que, 50 anos mais tarde, uma companhia teatral resolveu
representá-lo numa paródia da peça "Les
pompiers de Nanterre" intitulada "Zé Pereira
Carnavalesco", na qual o comediante Francisco Correia
Vasquez cantaria com melodia francesa a quadrinha que se
tornaria famosa :
"
E viva o Zé Pereira
Pois que ninguém faz mal
Viva a bebedeira
Nos dias de carnaval".
Extinto no começo deste século, o Zé Pereira
deixou como sucessores a cuíca, o tamborim, o reco-reco,
o pandeiro e a frigideira, instrumentos que acompanhavam
os blocos de 'sujos' e que hoje animam as nossas
escolas de samba.
OS
CORDÕES
Apesar
de estrondoso sucesso dos bailes de salão,
foi na esfera popular que o carnaval adquiriu formas genuinamente
autênticas e brasileiras. Com a constante repressão
ao entrudo, o povo viu-se obrigado a disciplinar as brincadeiras
de rua, passando a utilizar a organização das
procissões religiosas para a comemoração
do carnaval: apareciam então os blocos e cordões,
grupos que originariam mais tarde as escolas de samba. Formados
por negros, mulatos e brancos de origem humilde, os cordões
animavam as ruas ao som dos instrumentos de percussão.
Sofreram forte influência dos rituais festivos e religiosos
trazidos da África, legando para as gerações
seguintes o costume de se fantasiar no carnaval.
Os cordões possuiam música própria, desfilavam com estandarte
e eram comandados pelo apito de um mestre. Daí a importância que
tiveram para a formação das futuras escolas de samba.
O primeiro cordão surgiu em 1885 e denominava-se Flor de São
Lourenço. Depois deste, outros ocuparam as ruas e assim sucessivamente,
atingindo o auge de sua popularidade nos primeiros anos do século
XX.
O RANCHO
Assim
como o cordão, o rancho era uma agremiação
carnavalesca modesta, composta por pessoas humildes. Fez a
sua primeira aparição no carnaval carioca em
1873. Os ranchos já existiam na cidade antes dessa data
por influência nitidamente religiosa. Desfilavam em comemoração
aos festejos natalinos no dia 6 de janeiro (Dia de Reis). Fantasiados
de pastores e pastoras que rumavam a Belém, o grupo
percorria a cidade cantando e pedindo agasalhos em casas de
família. Por possuir letra e música próprias,
acabaram por criar um gênero musical cadenciado, com
grande riqueza melódica: a marcha-rancho.
Com a evolução das escolas de samba, por volta de 1920, os ranchos
entraram em declínio, deixando para a posteridade as figuras do mestre-sala,
da porta-estandarte e das pastoras ricamente adornadas.
O CORSO
O
corso, lançado em fins da década de 1900,
era um desfile de caminhões ou carros sem capota, adornados,
que conduziam famílias ou grupos de carnavalescos dispostos
a brincar com os pedestres ou com os ocupantes de outros veículos.
O confete, a serpentina e o lança-perfume eram muito
utilizados pelos animados foliões. A Av. Central, hoje
Rio Branco, inteiramente congestionada por esses automóveis,
que circulavam em marcha reduzida, era um dos trechos principais
do cortejo.
A moda surgiu no carnaval de 1907, quando as filhas do então presidente
Afonso Pena, fizeram um passeio no automóvel presidencial, pela via
carnavalesca, de ponta a ponta, estacionando depois defronte à porta
de um edifício, de onde apreciaram a festa. Fascinados pela idéia,
os foliões que tinham carro começaram a desfilar pela avenida,
realizando calorosos duelos com outros veículos.
Há quem afirme que o corso desapareceu com a modernização
dos automóveis, quando os veículos de capota alta foram substituídos
pelos de linha mais simples. É bem provável que a popularização
dos automóveis tenha de fato afastado os foliões das classes
alta e média.
Na verdade, muitos foram os motivos para o desaparecimento do corso: a dificuldade
do tráfego, que já em 1925 amedrontava os foliões, o alto
custo da gasolina e a descentralização do carnaval fizeram com
que a população fosse buscar outros tipos de manifestação
para poder comemorar os festejos de Momo.
AS ARMAS
Lança-perfume - Bisnaga de vidro ou metal, que continha éter
perfumado. De origem francesa, chegou no Brasil em 1903.
Serpentina - De origem francesa, chegou no Brasil em 1892.
Confete - Procedente da Espanha, surgiu no Brasil também
em 1892.
A MARCHINHA
A
primeira música feita exclusivamente para o carnaval
constituindo-se portanto num marco para a história cultural
brasileira foi a marcha "Ó abre alas", da
maestrina Chiquinha Gonzaga, composta em 1899 e inspirada na
cadência rítmica dos ranchos e cordões.
Esta marcha animou o carnaval carioca por três anos consecutivos
e é até hoje conhecida pelo grande público.
A partir de então, as marchas, também conhecidas
como marchinhas, caíram no gosto popular. De compasso
binário, com acento no tempo forte (primeiro tempo),
eram inicialmente mais lentas para que seus dançarinos
marchassem em seu ritmo. Com o passar do tempo, tiveram seu
andamento acelerado por influência das "Jazz Bands";
daí serem conhecidas também como marchinhas.
Da música Ó abre alas aos sucessos carnavalescos de hoje, muitos
foram os caminhos percorridos pelos gêneros musicais, até predominarem
definitivamente o samba e a marchinha como ritmos prediletos: tango-chula,
polca, marcha-rancho, fado brasileiro, marcha-portuguesa, toada, canção,
toada-sertaneja, valsa, maxixe, cateretê, chula à moda baiana
e marcha-batuque, entre outros.
O DESAPARECIMENTO DAS MARCHINHAS
As
marchinhas de carnaval marcaram época, reinaram
ao longo de muitos anos e assim foram transmitidas de geração
em geração, tendo como principais aliados a divulgação
radiofônica, os bailes de salão e as próprias
ruas.
Muitos foram os fatores que contribuíram para o seu
declínio, mas, sem dúvida, a supremacia da música
estrangeira e de outros gêneros carnavalescos (como,
por exemplo, o samba-enredo), fizeram com que as gravadoras
(multinacionais em sua maioria) mudassem de rumo.
Nas décadas de 30 e 40, o custo de produção de um disco
era baixo e a sua difusão, gratuita, o que permitia às gravadoras
obterem lucros vantajosos. Com a sofisticação da técnica
e o desenvolvimento da indústria fonográfica, houve melhoria
na qualidade, mas os custos de produção encareceram substancialmente,
dificultando o acesso e a penetração de nossas marchas.
A partir dos anos 60, as gravadoras passaram a não mais investir no
gênero. Apesar de algumas tentativas isoladas (principalmente de Braguinha
e do apresentador Sílvio Santos), a canção carnavalesca
passou a ser considerada um investimento sem retorno; as multinacionais preferiam
incrementar os lançamentos de música estrangeira, utilizando
os tapes originais, vindo de suas matrizes, com custos muito reduzidos. O lucro
fácil passou a imperar no mercado e com isso os nossos artistas foram
perdendo o espaço e o entusiasmo.
Decretava-se dessa maneira o declínio do gênero carnavalesco,
que perdendo apoio da indústria fonográfica e, conseqüentemente,
dos meios de comunicação, acabaria não tendo mais condições
de sobrevivência. Restavam aos foliões, além dos velhos
clássicos, os chamados sambas-enredo e sambas de quadra que, graças
ao prestígio crescente das escolas de samba, independeriam do disco
para se popularizar.***
De fato, o prestígio das escolas de samba aumentava a cada ano e, se
não sensibilizou o mercado do disco, acabou atraindo um outro meio de
comunicação bem mais sedutor: a própria televisão.
Com a chegada da transmissão em cores, no início dos anos 70,
o carnaval passou a ser encarado como um espetáculo (bastante vantajoso
por sinal) e com isso as escolas de samba obtiveram amplo destaque na mídia
eletrônica. Para os organizadores, o "show" rendia (e rende)
tanto através da venda dos ingressos - destinados aos turistas, em sua
maioria - quanto das transmissões televisivas.
Sem entrar profundamente no mérito da questão - a participação
cada vez menor do povo no carnaval - o fato é que, para a glória
das escolas, o samba-enredo pediu e ganhou passagem e vem, ao lado das marchinhas
que ainda resistem no salão, assegurando a nossa tradição
carnavalesca.
O CARNAVAL NOS ESTADOS BRASILEIROS
Bahia
Em
Salvador, o carnaval começa efetivamente em dezembro,
com a abertura dos festejos pela festa da Conceição
da Praia. São celebrações que remetem
umas às outras, adquirindo sempre, ao final, um estatuto
carnavalesco.
A grande atração do carnaval baiano são os trios elétricos:
músicos que percorrem as ruas em cima de caminhões equipados
com potentes alto-falantes executando sucessos carnavalescos para o povo dançar.
Ao que tudo indica, o trio elétrico surgiu em 1950, com Dodô e
Osmar.
Pernambuco
Já em Pernambuco, destaca-se outro grande carnaval
brasileiro, o de Olinda e de Recife. É desse Estado
que surgiu um dos ritmos mais alucinantes da festa momesca:
o envolvente e contagiante frevo. "E a multidão
dançando, fica a 'ferver'..." Daí o surgimento
da palavra "frevo".
Paralelamente, existe o maracatu, cortejo de origem africana,
altamente expressivo. O berço dos maracatus foram as
senzalas, quando os negros prestavam homenagem aos seus antigos
reis africanos. Mesmo com o fim da escravidão, os cortejos
continuaram. Daí o maracatu ganhou as ruas, tornando-se
uma das peças essenciais do carnaval pernambucano.
São
Paulo
Em
São Paulo, o carnaval, que era uma festa restrita
aos salões, começou a ser praticado nas ruas,
atendendo às influências das escolas de samba
do Rio de Janeiro, e repete o estilo das grandes escolas
cariocas, enfatizando o luxo das fantasias e alegorias.
Outros estados
Nos
outros Estados, geralmente aparecem traços peculiares,
maneiras diferentes de celebrar a folia momesca. Mas a grande
tendência registrada no Brasil inteiro é a do
carnaval se homogeneizar segundo a fórmula carioca:
de um lado, o carnaval de salão (luxuoso ou popular);
do outro, o desfile das escolas de samba. Assim, o carnaval
vai se transformando num ritual padronizado em todo o país.
Fonte:
* QUEIRÓS, Maria Isaura Pereira. "Carnaval Brasileiro
- O vivido e o mito" - Brasiliense, 1992, p.p.11 e 30.
** TINHORÃO, José Ramos in "Pequena história
da música popular - Da modinha à lambada".
Art, 1991, p.111.
*** SEVERIANO, Jairo. "Yes, nós temos Braguinha".
Funarte/Martins Fontes, 1987, p.90.